Parede de escalada esquecida? Investimento da AEIST ganha novo fôlego

Autoria: Patrícia Marques (MECD)

Em 2022, foi instalada uma parede de escalada no pavilhão da Associação de Estudantes do IST (AEIST), com financiamento do Orçamento Participativo do mandato. Três anos depois, a comunidade estudantil está, na sua maioria, aquém deste projeto. O Diferencial esteve à conversa com o clube de escalada do Técnico, que pretende ser formalizado como Secção Autónoma (SA). Qualquer um poderá aderir à febre do bouldering no campus, e ainda a atividades ao ar livre e de aventura. 

O Projeto de Escalada foi um dos dois vencedores do Orçamento Participativo da AEIST do mandato de 2021/22, que financia anualmente projetos apresentados por alunos que promovam a “qualidade e diversidade da formação dos estudantes do IST”. Em maio de 2022, na 6ª Assembleia Geral de Alunos (AGA) Extraordinária, o projeto apresentado por José Gomes, de foco desportivo, foi votado como recipiente de uma verba de 2500€ por parte da Direção da AEIST. Visava “promover e disseminar entre a comunidade estudantil a prática de escalada, através da construção de uma parede em bloco (ou bouldering).” 

Foi em outubro de 2022 que um conjunto de estudantes construiu e fixou uma parede de escalada na “gaiola”, a zona final do pavilhão desportivo da AEIST. Entre eles estavam Gil Serrano e José Gomes, atualmente estudantes de doutoramento do Técnico, tendo o último anteriormente montado uma parede em casa. Embora amadores, garantem que a parede está segura: “Já sobreviveu a um terramoto”, brincam. Também a ajuda de Ricardo Teixeira, de Engenharia Civil, foi crucial na construção. Este conheceu o projeto pelo Facebook, numa publicação de José num grupo de escalada português, e juntou-se.

Foi ainda adquirido material específico de escalada e segurança, como presas, argolas, fingerboard e colchões para queda. As despesas em materiais totalizaram 2473.77€, valor suportado pela AEIST.

A parede ficou pronta para uso em janeiro de 2023, com normas de segurança submetidas à AEIST. No entanto, a dificuldade de encaixe da modalidade nos horários desportivos e as mudanças nos dirigentes da Direção da AEIST adiaram a aprovação oficial. Sem horário definido nem integração nos planos de atividades da Direção, a parede permaneceu inutilizada durante os mandatos de 2022/23 e 2023/24. Dois anos e meio depois, a maioria dos estudantes do Técnico não saberá da existência desta parede e muito menos de um clube informal de escalada que a está a utilizar.

Foi apenas nos últimos meses que o projeto ganhou novo fôlego e se foi desbloqueando. Tiago Fernandes juntou-se ao clube informal, depois de ficar a conhecer o projeto de Gil e José num convívio de Natal do Instituto de Sistemas e Robótica. Em fevereiro de 2025, a AEIST finalmente concedeu um horário fixo para o clube de escalada, durante o qual qualquer pessoa interessada pode aparecer: terças e quintas, das 8h às 10h da manhã. Desde então, a parede já foi utilizada por mais de uma dúzia de conhecidos. Em termos de segurança, “é necessário alguma intuição para usar a parede, importa estar cá alguém com experiência” para garantir supervisão e auxílio e, ao mesmo tempo, “motivar para o crescimento” para que se ganhe autonomia.

Atualmente, a prioridade está na formalização, em AGA, do clube de escalada como Secção Autónoma dedicada a atividades ao ar livre e de aventura – montanhismo, escalada (como o bouldering), trekking, etc., para que a parede, o equipamento e o clube sejam acessíveis aos membros e se construa uma comunidade. O grupo está de momento a preparar um regulamento interno para o efeito. Pretendem que o clube e as suas atividades cresçam com os desejos da comunidade: “Não nos queremos limitar a ser escalada, ou uma parede de escalada.”

Uma vez criada a SA, as pessoas interessadas irão definir um Plano de Atividades que detalhe questões de limpeza, manutenção, frequência de route setting (mudança de presas), aluguer de material (como pés-de-gato e crash pads para outdoor), eventuais custos e vigilância. É colocada em cima da mesa a possibilidade de organizar formações profissionais noutros ginásios de escalada de Lisboa e até convívios mensais em que os membros fazem o route setting da parede em conjunto.

Para justificar o ganho de popularidade do bouldering em geral, mas em concreto entre estudantes do Técnico, Gil diz que “é a parte do puzzle, não é só a parte física, não é correr 100 metros.” Tiago concorda que a componente de problem-solving está muito presente tanto na escalada como na engenharia. Destaca ainda o “contraste entre estar muito tempo sentado a pensar em problemas complexos, e depois a liberdade quando se experimenta escalar,” como expansão espacial e mental. 

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