Autoria: Ângela Rodrigues (LEFT)
As eleições para a Direção, o Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e a Mesa da Assembleia Geral de Alunos (MAGA) da AEIST ocorrerão nos dias 6, 7 e 8 de novembro. De modo a conhecer as listas e as suas propostas, realizou-se o debate sobre as eleições aos órgãos da AEIST, entre os candidatos à Presidência da Direção da AEIST, António Jarmela, pela lista A, e Mariana Cal, pela lista D.
Realizado no dia 30 de outubro, entre as 17h30 e as 19h30, no Anfiteatro Abreu Faro, o debate foi moderado pelo Diferencial e transmitido no YouTube do jornal.
A ordem das intervenções foi decidida por meio de sorteio, onde ficou estabelecido que a primeira resposta seria dada pela Lista A. Os candidatos começaram por apresentar a lista que encabeçam, descrevendo as bandeiras dos seus programas eleitorais.
A Lista A apresentou-se como uma lista em que grande parte das pessoas já esteve em direções anteriores, o que consideram positivo. Alguns dos pontos reforçados por António Jarmela foram a necessidade de existir um maior contacto com a comunidade estudantil, nomeadamente com as Secções Autónomas (SAs) e Núcleos Estudantis, a necessidade de apostar no desporto universitário e de investir em infraestruturas, especialmente no caso do Taguspark.
Para Mariana Cal, da Lista D, alguns dos principais problemas dos estudantes são a propina, o aumento do valor do prato social e outros problemas que afetam estudantes deslocados, como a falta de camas e de condições nas residências universitárias. À semelhança do candidato concorrente, reforça que o papel de uma AE tem de ser o de representação estudantil, devendo existir uma ligação estreita entre as SAs e a AE.
– Representatividade
Quanto à representatividade nas listas, Mariana Cal é a primeira candidata mulher à Presidência da direção da AEIST em muitos anos. Para além disso, realça a tentativa de incluir mulheres em todos os pelouros e a inclusão de um estudante do Taguspark na vice-presidência.
Já a Lista A refere que há uma maioria de mulheres na direção e que existem estudantes estrangeiros na lista e um estudante do Taguspark na presidência à direção. Algo que tentaram fazer foi incluir estudantes de todos os cursos na lista.
– Ação Social
O primeiro interveniente, António Jarmela, salienta que ainda há estudantes à espera para ver as suas bolsas atribuídas, pelo que a AE deve contactar as entidades superiores numa tentativa de resolver o problema; as soluções apresentadas para o problema do alojamento são semelhantes. Quanto à cantina, a associação deve posicionar-se contra o aumento do valor do prato social.
Já a Lista D, concordando com a posição relativamente ao prato social, refere uma manifestação no passado a favor do prato social em que a direção da AE não esteve presente. A abertura de novas residências é positiva, mas relembra que também ocorreram fechos, como o caso da residência na Quinta das Conchas. Para a lista, é também necessário aumentar o valor das bolsas, já que consideram o valor atual como insuficiente. A AE deve ter um papel reivindicativo e de mobilização dos estudantes para estes problemas; a propósito disto, é referido que a direção atual se diz apoiante destas causas, mas que estiveram poucos membros da direção na última manifestação junto à CGD.
Na sua nova intervenção, o candidato da Lista A salienta a necessidade de discutir com o governo e partidos políticos sobre as propostas de ação social. Já Mariana Cal, questiona porque é que estas discussões não ocorreram anteriormente, tendo em conta que a Lista A é de continuidade.
– Espaços de Estudo e Infraestruturas
A Lista D considera a abertura do TIC favorável e positiva, mas não devia ser um substituto às salas 24h e ao Aquário, devia ser um acrescento. Além disso, o TIC também é utilizado para outros eventos, o que nem sempre é comportável com os estudos dos estudantes. Foi referido o problema dos estudantes de Arquitetura, que, com o fecho do pavilhão de Civil durante a noite, ficam impossibilitados de poder aceder às suas salas durante este período.
Em relação às infraestruturas, apontou vários exemplos e considera que há espaços a necessitar de obras e a AEIST tem de lutar por elas.
António Jarmela concorda com a Lista D: a abertura do TIC foi positiva, mas os espaços em Civil têm de continuar abertos durante as 24h. Refere também que há uma falta de espaços no geral e não só de espaços de estudo, dando como exemplo a falta de condições nos laboratórios. Diz que não chega ter um plano de obras, é necessário implementá-lo, e tal como a lista concorrente afirmou, a função da AE deve ser fazer com que estes planos avancem.
Mariana Cal acrescentou ainda que existe a falta de espaço para os núcleos e SAs, tanto no campus da Alameda como no do Taguspark.
– Como trazer mais alunos para a vida associativa?
Para o candidato da Lista A, há um grave problema associado à data das eleições e à antecedência com que as Assembleias Gerais de Alunos (AGAs) são anunciadas, salientando que a última questão é da responsabilidade da MAGA. É necessário chegar a todos os grupos estudantis e impulsioná-los, e revela que reuniram com alguns núcleos e SAs de modo a compreender quais os seus maiores problemas.
A candidata da Lista D concorda que o problema da abstenção não é recente, mas que a lista de continuidade já devia ter feito a revisão estatutária por causa disto. Como causas para a falta de envolvimento dos estudantes, aponta para a falta de tempo associada ao MEPP e a necessidade de se ser sócio para pertencer a uma SA, o que implica custos monetários que podem ser um entrave à entrada de alguns estudantes. Tal como a Lista A, consideram que as AGAs devem ser convocadas com mais antecedência e também reuniram com os núcleos e ficaram a conhecer alguns problemas dos núcleos e SAs.
– Desporto
Mariana Cal reforça a importância de continuar a apoiar as equipas, mas que também existe a necessidade de apoiar o desporto informal, que sentem que atualmente não é tão valorizado. Para tal, é preciso reabilitar os campos, nomeadamente o do Taguspark. Também apresenta a proposta de outras equipas desportivas, como karaté.
António Jarmela conta que a lista de continuidade reuniu com as equipas para saber quais os problemas e diz que têm soluções para os problemas não resolvidos no passado. Também aponta o problema dos campos e a necessidade de investimento no Taguspark. Para a promoção de desporto informal, propõe a criação de torneios amadores e quer que a AE disponibilize aulas de padel e squash, modalidades com número crescente de praticantes. Sugere também a criação de novas equipas, como tiro com arco, natação e atletismo.
A Lista D refere ainda algumas propostas adicionais: transmitir as competições onde equipas da AEIST participem, criar dias de prática aberta e revisão dos preços tabelados para os campos. O candidato da Lista A confirmou que a transmissão das competições já acontece.
– Perspetiva sobre o Modelo de Ensino e Práticas Pedagógicas (MEPP) e sobre o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES)
Relativamente ao MEPP, António Jarmela considera que a AEIST deve posicionar-se de acordo com os resultados obtidos no referendo: os estudantes estão insatisfeitos com o sistema. Devem existir reuniões com órgãos de escola para compreender o que pode ser feito. Quanto ao RJIES, quer o debate com os órgãos e partidos para implementar o que os estudantes querem. Reforça a importância de saber quando é que a AE se deve manifestar e quando deve reunir com os órgãos superiores.
Mariana Cal concorda que o MEPP tem muitos problemas, mas que apresenta vantagens como as HACS, apesar de alguns aspetos necessitarem de reformulações. Considera que a AE deve afirmar as posições da comunidade estudantil e que o método de ensino deve estar adaptado e servir os estudantes. Na questão do RJIES, a lista é contra e acredita que devem lutar para que seja revisto e pelos direitos dos estudantes. Refere ainda o caso do ENDA de fevereiro em que a AE votou contra moções sobre a Palestina e sobre a Saúde Mental*.
[*] O voto na moção relativa à Palestina pela AEFCSH foi de abstenção pela AEIST.
– Considerações finais
Antes da passagem para as perguntas do público, os candidatos tiveram a oportunidade de apelar ao voto nas suas listas.
Para a representante da Lista D, a lista de continuidade teve muito tempo para fazer as medidas já propostas mas não o fizeram. Considera que os direitos dos estudantes não devem ser atacados, dando o exemplo do RJIES; querem o cumprimento do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) e melhores condições para a comunidade estudantil. Querem também criar uma ligação próxima com os estudantes, conhecê-los e compreender os seus problemas.
O representante da Lista A refere que o RJIES nunca foi revisto, mas que a AEIST sempre teve uma posição clara sobre o querer rever. Como referiu no início do debate, considera que a lista que encabeça tem experiência, sabe os problemas e como resolvê-los, e tem uma estrutura grande o suficiente para conseguir cumprir o plano eleitoral. Termina reforçando que por cada 50 votos, em que lista seja, irão plantar uma árvore.
– Perguntas do Público
Algumas das questões colocadas pelo público relacionaram-se com: a possibilidade e interesse de se entrar na lista de oposição via recrutamento por parte da eventual lista perdedora o conteúdo da Moção Global da AEIST; o destino da Piscina e se houve reuniões com o Presidente do IST, Rogério Colaço, sobre a possibilidade da criação de uma residência no espaço; de que modo é possível prevenir as AGAs extraordinárias; o destino do saldo orçamental.
Nota: Antes do início do debate, a ordem das intervenções foi decidida por meio de sorteio, através do lançamento de uma moeda por parte da moderação assistente, onde ficou estabelecido que a primeira resposta seria dada pela Lista A. A moderadora explicou as regras do debate: primeiro haveria um momento de perguntas pela moderação e respostas dos candidatos, em que após cada pergunta, cada candidato teria 3 minutos para responder, sendo a ordem de resposta alternada; este momento seria seguido pela interação entre o público e os candidatos.