The Smiths – The World Won’t Listen

“And if you have five seconds to spare”

Autoria: Pedro Fonseca (MMA)

Frequentemente referida como uma das bandas de rock alternativo mais influentes de todos os tempos, os Smiths formaram-se em 1982, em Manchester. A banda tinha por base as melodias de guitarra eletrizantes do guitarrista Johnny Marr, e as letras poéticas e invulgares de Morrissey, que, com a sua voz inigualável, revolucionou a música indie britânica. É importante contextualizar historicamente o surgimento dos Smiths, banda que esteve em atividade durante o auge do Thatcherismo; para muita gente, especialmente da classe trabalhadora britânica, que muito sofreu com as mudanças radicais e os cortes drásticos do financiamento dos serviços sociais impostos pelo governo, os Smiths foram uma inspiradora luz, que nunca se apagou, num mundo muito escuro.

Nesta rúbrica estou já a quebrar um bocadinho as minhas regras, uma vez que ‘The World Won’t Listen’ não é um álbum de estúdio mas sim uma compilação. Em geral sou contra compilações, especialmente quando se trata de uma banda que passou por tantas “fases” musicais como os Smiths, mas fiz esta escolha uma vez que (1) esta coleção foi definida pela própria banda, (2) seria muito difícil para mim escolher de entre os quatro álbuns de estúdio da banda, todos eles diferentes em estilo mas igualmente excecionais, mas principalmente porque (3) o objetivo principal destes artigos é introduzir várias bandas e artistas históricos a quem nunca ouviu falar deles, e esta compilação é uma introdução perfeita à música dos Smiths, já que inclui alguns dos seus melhores singles e músicas de quase todos os álbuns de estúdio da banda. O álbum atravessa todos os tipos de música produzido pelos Smiths: algumas com uma tonalidade romântica, como ‘There is a Light That Never Goes Out’ e ‘Half a Person’, com uma tonalidade mais autodepreciativa como ‘Bigmouth Strikes Again’, ou com uma temática mais de ação política e social, como ‘Panic’ e ‘The Boy With the Thorn in His Side’, entre muitas outras.

O maior hit: ‘There is a Light That Never Goes Out’. Provavelmente a música mais conhecida dos Smiths, e consistentemente citada em Inglaterra e noutros sítios no rescaldo de um momento difícil; é na minha opinião a melhor música de amor de todos os tempos. A epítome suprema das melodias de Marr, e do poder vocal e poético de Morrissey, a música é sustentada, à semelhança de toda a música dos Smiths, pelo forte sentimento de angústia e de paixão: “To die by your side, is such a heavenly way to die…”.

A minha favorita: à partida, diria que é um empate entre todas, mas se tivesse de destacar alguma, escolheria ‘Rubber Ring’, menos conhecida, mas altamente cativante. ‘Asleep’ é talvez a mais bonita; com melodia de Marr no piano, é muito diferente de todas as outras músicas do Smiths.

O que ouvir a seguir: os quatro álbuns de estúdio da banda, ‘The Smiths’, ‘Meat is Murder’, ‘The Queen is Dead’ e ‘Strangeways, Here We Come’ são, a meu ver, quatro das maiores obras de arte do século XX; recomendo-as altamente. Recomendo também o episódio “Hang the DJ” da série Black Mirror, que não tem nada a ver com os Smiths, mas que ganha novo significado, imagino eu, para quem conhece a música da banda.

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