7 Pecados Mortais para uma Eleição à Presidência do IST (Parte 1)

Autoria: O Diretor de Campanha

Há dias, o Diferencial – o jornal dos estudantes do IST apresentou-nos a Lista 1, lista vencedora das próximas eleições da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST). Esta lista é conduzida por valores de tal maneira distintos que, logo após o seu nascimento, procedeu à procura de concorrência, fornecendo 7 passos simplificados para qualquer um criar uma lista candidata à AEIST (de modo a que a vitória da Lista 1 não fosse tão fácil nas urnas). 

Inspirado por tamanha humildade, decidi eu mesmo voluntariar-me para ser o diretor de campanha dos futuros candidatos à presidência do Instituto Superior Técnico (IST), adversários do atual Presidente e futuro candidato, o professor Rogério Anacleto Cordeiro Colaço. Sim, leram bem, serei o diretor de campanha de todos os concorrentes, excetuando Rogério Colaço. Porquê? Porque eu mesmo, diretor de campanha, tornarei públicos os 7 passos para ganhar as próximas eleições à presidência do IST no final do presente ano civil. Porque, como disse Churchill acerca da democracia, os adversários de Rogério Colaço são os piores candidatos à presidência do IST, à exceção de Rogério Colaço. 

Antes de partilhar o primeiro passo, informo que qualquer candidato terá de possuir uma página de cariz biográfico na wikipédia escrita por si mesmo e bloqueada à prova de qualquer ameaça externa por parte dos estudantes do IST. Este é um “pré-passo” muito importante para os candidatos manterem a sua reputação intacta, sendo capaz de reunir num só sítio todas as suas conquistas enquanto cidadãos íntegros e motores para o desenvolvimento da ciência. Neste sentido, ainda mais importante é que as páginas estejam bloqueadas: não queremos que sofram alterações humilhantes por parte da classe social mais baixa do IST. Não se pode correr o risco destas candidaturas morrerem à nascença pela mão dos famintos estudantes sempre prontos para dizer mal da nossa escola e daqueles que a representam. 

Apresento, então, o primeiro e, talvez, o mais importante passo de qualquer candidatura: ser membro candidato ao Conselho de Escola (CE) do IST na lista vencedora dos professores/investigadores [1]. É isto mesmo. Após análise detalhada sobre todo e qualquer documento do IST – cumprindo o meu papel enquanto diretor de campanha -, descobri uma brecha nos Estatutos do IST: não é ilegal ou anti-estatutário que o Presidente do IST esteja presente numa lista ao órgão de escola responsável por eleger o próprio Presidente. Haverá melhor forma, então, de controlar este órgão e garantir a vitória na eleição? Afinal de contas, só estão lá dois estudantes a mandar bitaites sobre as propinas, três personalidades externas que faltam quase sempre às reuniões e um funcionário a reclamar sobre as condições de limpeza do Técnico.

Assim, controlando a lista e a eleição dos professores/investigadores estando na própria lista – que isto, hoje em dia, não se pode confiar em ninguém à distância – é a melhor forma de garantir a vitória. Afinal de contas, os professores/investigadores representam 60% da composição do CE e, em qualquer votação importante, os estatutos mandam que tenhamos de esperar pela presença daqueles que sabemos que votam do nosso lado. Em suma, é um passo cabal rumo à vitória. Tenho a certeza de que o diretor de campanha de Rogério Colaço jamais o executará por desconhecimento ou até mesmo por o considerar como um possível conflito de interesses entre dois diferentes órgãos: o Presidente do IST e o Conselho de Escola do IST. 

Após controlar a lista vencedora candidata ao Conselho de Escola, é preciso controlar quem vota para estas eleições. Se queremos que ganhe o candidato certo, temos de escolher os eleitores certos. As democracias mais fortes do mundo funcionam desta mesma forma. Neste sentido, será importante minimizar o número de investigadores votantes. Porquê? Porque, normalmente, são comunistas ligados a sindicatos e conhecem bem os seus direitos. Porque podem tornar-se mesmo muito chatos com as suas reivindicações ainda mais chatas. Não quero que atrapalhem o caminho da vitória de um dos meus candidatos. No exercício do meu papel de diretor de campanha, li muitos regulamentos, leis e, até mesmo, a Constituição da República Portuguesa. Descobri, numa lei, que só podem votar para a eleição do Conselho de Escola investigadores com vínculo contratual diretamente com a escola. Ora, é exatamente isso que estão a pensar, isto exclui todos os investigadores que trabalham em prol da ciência no IST, mas que possuam vínculos laborais com associações privadas satélite da própria escola.

Apresento, portanto, o segundo passo baseado nesta lei bendita: escolher os eleitores certos [2] [3] [4]. No entanto, a lei, por si só, não é suficiente. É preciso manobrar as pretensões eleitorais destes investigadores “satélite”: primeiro, é importante garantir que os investigadores desconhecem a aplicação desta lei, deixando-se que estes investigadores votem para uma outra qualquer eleição menos importante de forma a saciar a sua fome comunista de participação cívica; em segundo, encorajam-se estes mesmos investigadores para a formação de listas candidatas ao Conselho de Escola de forma a manter a sua fome de participação cívica saciada; em terceiro, dá-se o golpe final, excluindo os investigadores dos cadernos eleitorais da eleição que interessa acenando com a lei que nos salvaguarda.

É uma estratégia infalível. Se, ainda assim, estes investigadores se aperceberem da manobra, alega-se que eles mesmos querem destruir o bom nome do IST ao passarem por cima de leis, veste-se a capa de vítima e vai-se para a comunicação social alimentar a conspiração de que vários grupos sectários querem matar a boa reputação do IST (um deles, o grupo dos investigadores “satélite”). 

Nas próximas partes da coleção “7 Pecados Mortais para uma Eleição à Presidência do IST”, continuarei a publicar sobre os restantes passos para se ganhar as eleições à presidência do IST. Debruçar-me-ei sobre se deve um líder ser temido ou amado. Deve um líder enviar e-mails a relacionar a fraude académica cometida pelos famintos estudantes com as mortes causadas pela COVID-19 ou deve um líder parabenizar os famintos estudantes pelos excelentes resultados nos testes de gestão? Medo ou amor? Fiquem comigo. Até lá, não se esqueçam, (quase) todos somos Técnico.

O Diretor de Campanha

Referências Bibliográficas para os imunes ao sarcasmo

[1] Rogério Colaço, já depois de ter sido eleito Presidente do IST, constava como membro candidato ao Conselho de Escola do IST (órgão responsável por eleger o  Presidente) pela Lista T que acabaria por vencer as eleições.

[2] Investigadores e Presidente do IST em rota de colisão

[3] Presidente do Instituto Superior Técnico responde a críticas

[4] NINTEC diz que nunca quis “queimar pontes”

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