Autoria: Maria Rosa (LEIC)
Com o início do ano letivo, os estudantes encontram-se ocupados com inscrições a cadeiras, reserva de turnos e criação de grupos de projeto. Mas entre as várias preocupações, a inscrição nas Unidades Curriculares de Humanidades, Artes e Ciências Sociais (HACS) distingue-se como aquela mais problemática e burocrática.
Os problemas começam logo na seriação de candidaturas, onde existem casos como o cálculo errado do número referente à classificação, ou o de um aluno que falou com o Diferencial, que afirma não ter sido colocado em nenhuma das suas opções apesar da sua classificação ser superior à de todos os outros candidatos: “Disseram-me que aconteceu porque o sistema dizia que estava em abandono do meu curso anterior. Eu já mudei de curso há 2 anos…” comenta o estudante, que decidiu manter-se anónimo, em relação a este processo, que diz lhe estar a causar “algum stress”. “Parece algo saído d’O Processo de Kafka.”
Entre alunos de Engenharia Aeroespacial há também queixas referentes ao método de cálculo da nota de seriação, que compara a nota de um aluno à média dos alunos do seu curso. Devido às elevadas médias, quer de entrada, quer de curso, referentes a Engenharia Aeroespacial, alguns acreditam que se encontram prejudicados, visto a média dos restantes alunos a que são comparados ser elevada, o que leva a que as suas notas para efeitos de seriação sejam inferiores às de alunos de outros cursos, com médias inferiores.
No entanto, os problemas não acabam com a seriação. Existe não só incompatibilidade de horários, tal como mencionado no testemunho de uma aluna, publicado no Diferencial no passado dia 131, mas também falta de horários.
Alunos inscritos em Unidades Curriculares exteriores ao Técnico foram instruídos a enviar um e-mail à respectiva faculdade com o intuito de obter as suas credenciais, as quais potenciam a inscrição num horário. Isto torna-se impossível quando os Serviços Académicos revelam que nunca receberam qualquer tipo de lista de inscritos por parte do Instituto Superior Técnico. Os alunos vêem-se perdidos entre informações contraditórias: os responsáveis das HACS orientam os alunos a contactar as faculdades onde decorre a cadeira a que foram inscritos e os Serviços Académicos dessas faculdades dizem nunca ter recebido qualquer tipo de informação da sua inscrição.
Todos estes problemas são exacerbados pela falta de comunicação com os estudantes. “Vocês já sabem alguma coisa sobre as HACS?” é uma pergunta frequentemente repetida entre alunos, particularmente por aqueles inscritos em UCs externas pois, segundo o e-mail enviado aos estudantes na altura de candidatura, ao ficarem colocados em HACS externas nesta fase, “NÃO SERÃO considerados elegíveis para candidatura em HACS no ano de 2023-2024”, incluindo também “a realização de HACS no 2º semestre”. Isto é causa de grande alarme entre estudantes do último ano cuja disciplina requer presença obrigatória, sendo que muitos receiam chumbar por faltas, algo que necessitaria, no pior caso, a permanência do aluno no Técnico durante mais meio ano para realizar uma destas cadeiras e acabar o curso.
É ainda possível que este não seja o fim dos problemas: estudantes de anos anteriores advertem que as notas só foram disponibilizadas no Fenix até mais de 4 meses depois dos seus últimos testes, dificultando, por exemplo, candidaturas a bolsas. Por enquanto, os estudantes continuam a tentar contactar os responsáveis, que, segundo consta, estão assoberbados com a quantidade de e-mails que recebem relativamente a este tópico devido à falta de pessoal: de acordo com o testemunho de um aluno, só existem dois responsáveis por assuntos associados às HACS.
Referências:
[1] https://diferencial.tecnico.ulisboa.pt/tecnico/hacs-um-quebra-cabecas/